1. Sempre apoiei a causa palestina pelo fim da ocupação e da anexação israelita e pelo reconhecimento do Estado da Palestina (sem pôr em causa a existência do Estado de Israel). E sempre separei a condenação da repressão israelita e da instalação dos colonatos nos territórios ocupados em relação a qualquer atitude antijudaica, de que jamais compartilhei, apesar de Israel se definir como Estado judaico.
De resto, a minha oposição não visa o Estado de Israel mas sim a sua política ilegal de expansão territorial e de repressão dos palestinos. Os sofrimentos dos judeus sob o nazismo (e não só) não podem justificar os sofrimentos infligidos por Israel aos palestinos. E estar contra o expansionismo israelita nada tem a ver com antissemitismo, como o Governo de Israel sempre acusa, instrumentalizando demagogicamente a justa recusa daquele.
2. Por isso, não posso deixar de me revoltar com as declarações há dias proferidas pelo chefe do governo palestino, Mahmud Abbas, segundo as quais, na informação da BBC, «the Jewish question that was widespread throughout Europe was not against their religion, but against their social function, which relates to usury and banking and such».
Quando passam no final deste ano 80 anos sobre a "Noite de Cristal" (destruição maciça das montras dos estabelecimentos de judeus), que marcou uma escalada na ofensiva antijudaica na Alemanha nazi, rumo à "solução final" (o plano de extermínio), as palavras do líder palestino, ignorando o genocídio judaico, não são somente uma infâmia, são também um enorme tiro no pé da causa palestina, só servindo para dar argumentos a Israel e para alienar apoiantes de sempre.
Com lideres destes, a Palestina não precisa dos inúmeros inimigos que tem...
Adenda (4/5)
Apesar de tardio, este pedido de desculpas de Abbas é bem-vindo, mas não apaga todo o mal que as suas inaceitáveis declarações causaram à causa palestina.