domingo, 19 de abril de 2020

Pandemia (7): O 25 de Abril é de todos!

1. Não, Manuel Alegre, suscitar objeções à celebração do 25 de Abril na AR nas atuais condições de emergência e confinamento geral não significa estar «contra a celebração do 25 de abril» -, o que constitui uma acusação sumamente injusta para muitos dos que as têm suscitado (entre os quais me conto).

2. Basta ver os jornais e as redes sociais e falar telefonicamente com pessoas, para ver que há muita gente, cujas convicções democráticas não podem ser postas em causa, que todavia pensa que haveria outras maneiras de celebrar condignamente o 25 de Abril "à distância" e que não vêem bem que a data que deveria ser de todos seja publicamente festejada apenas por uns poucos no parlamento, aliás com exclusão de muitos deputados, enquanto os portugueses em geral estão impedidos de o fazer publicamente, por efeito da regra do confinamento, salvo caso de necessidade (trabalho, abastecimento, etc.), e da proibição geral de ajuntamentos (o que inclui situações sensíveis, como funerais e cerimónias religiosas).
Eu também gostaria de estar na rua a celebrar!

3. Trata-se, antes de mais, de uma questão de igualdade e de solidariedade cívica. Ao menos em situação de emergência, não deveria haver cidadãos mais cidadãos do que outros. O 25 de Abril é de todos e a sua comemoração deveria ser poupada a divisões desta natureza!

Adenda
João Soares também discorda publicamente da infeliz iniciativa da AR - aliás, em termos bem expressivos - e não admite obviamente que lhe lhe chamem «facho». Também era o que faltava! Mas nestes tempos ominosos de guardiões da ortodoxia democrática em cada comentário nas redes sociais e de pouco respeito por opiniões discordantes, mesmo se fundamentadas e de boa fé, nunca se sabe...

Adenda 2
Não sao afirmações irresponsáveis, como esta de Vasco Lourenço, acusando de «oportunismo disfarçado» os que discordam da celebração do 25 de Abril no parlamento e metendo todos no mesmo saco, que me vão fazer perder o sentido de gratidão que tenho em relação as "capitães de Abril". Mas quero dizer ao autor desta provocação que cheguei um pouco mais cedo à luta contra a Ditadura e que não lhe admito que questione as minhas convicções democráticas e o compromisso com o 25 de Abril.