sexta-feira, 24 de abril de 2020

Pobre Língua (16): Pobre causa, que tais defensores tem

1. Um oficiante do pequeno grupo militante da causa contra o Acordo Ortográfico de 1990, com lugar cativo no jornal Público, vem responder a este meu post sobre o sebastianismo ortográfico, a propósito de um texto de Nuno Pacheco no mesmo jornal.
Estou certo, porém, que Nuno Pacheco não apreciará esta "substituição". Primeiro, porque o meu contraditor não responde a nenhum dos meus argumentos sobre as divergências ortográficas remanescentes entre o Português europeu e o do Brasil depois do AO, que era o tema em causa. Segundo, porque ele envereda por um tipo de polémica pouco recomendável.
Com efeito, o autor só pretende explorar o facto de eu ter inicialmente grafado à maneira antiga a palavra lêem, a qual, segundo o AO, passou a escrever-se como leem.

2. Sucede, porém, que eu próprio me dei conta do lapso ao revisitar o texto pouco depois, tendo-o corrigido prontamente (o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa já o transcreve corretamente em 20 de abril). Ora, não posso acreditar que o meu espontâneo contraditor não tenha verificado a correção do meu texto antes de publicar o seu artigo, como seria curial e intelectualmente honesto. Pobre causa, que tais defensores tem!
Tenho por norma debater argumentos sem atacar pessoalmente os meus adversários. Além de ser substantivamente vazio de argumentos, o texto em causa não cumpre essa norma básica de um debate intelectual decente. Ponto final, portanto.

Adenda
Entre as suas observações despropositadas, o autor denuncia o Causa Nossa como «blogue coletivo» em que só uma pessoa escreve. Ora, como é fácil ver pelo cabeçalho do blogue, o Causa Nossa não é um blogue coletivo, o que há muito deixou de ser. Tem um autor singular, devidamente identificado. Como se pode debater com alguém que recorre a "argumentos" como este?