1. Fez bem o Ministro da Educação em responder ao artigo arrogantemente crítico de Sampaio da Nóvoa sobre os professores.
Todavia, num dos pontos abordados - o do aumento galopante de professores que chegam ao topo da carreira - o texto do Ministro vem confirmar os piores receios quando ao atual regime especial privilegiado da carreira do professores. De facto, uma carreira "plana", sem graus, em que a avaliação de mérito é uma ficção, só pode resultar num acesso generalizado ao topo da carreira.
2. Considerando o grande número dos profissionais em causa - de novo a crescer, apesar da perda de alunos das escolas -, o peso orçamental desse processo, quer em termos de remunerações, quer de pensões, só pode aumentar substancialmente. Como se mostrou há pouco anos, com o enorme impacto orçamental que teria a recuperação integral do tempo de serviço não contado durante o período da intervenção financeira externa - que levou o Primeiro-Ministro a ameaçar com a abertura de uma crise política -, é conveniente ter em conta que, a médio prazo, podemos estar criar uma bomba-relógio orçamental.
O ministro das Finanças e o Primeiro-Ministro não podem fechar os olhos a esta situação.