quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Eurodeputados do PCP apoiam Berlusconi?

Hoje no PE foram votados diversos projectos de resolução sobre violações à liberdade de imprensa resultantes do controlo mediático exercido pelo império do PM Berlusconi em Itália.
Começou por ser derrotado um projecto da direita e extrema direita do PE coligados, que visava poupar Berlusconi às críticas e condenações.
Subsequentemente votou-se um texto apresentado pelos Socialistas, a que a direita apresentava numerosas emendas.
Incluindo uma emenda da autoria dos deputados da direita portuguesa introduzindo referências ao caso TVI em Portugal. Emenda que foi claramente rechaçada pelo PE, apesar de uma patética intervenção de última hora feita por Nuno Melo.
Foram assim aprovadas todas as emendas apoiadas pelos Socialistas e derrotadas todas as que, subscritas pelo PPE e a extrema-direita coligados, visavam poupar Berlusconi. Este resultado só foi possível porque Socialistas, Verdes, Liberais e GUE se uniram para derrotar Berlusconi e os seus apoiantes.
Passou-se de seguida à votação final.
Para surpresa geral - e exultação das bancadas à direita e extrema-direita - o projecto final de resolução socialista foi derrotado. Por 4 votos, em 684.
Quem traiu?
Amanhã já saberemos, porque a lista de votantes ficou registada em votação electrónica.
Mas o que é certo é que Ilda Figueiredo e o outro novo eurodeputado do PCP, João Ferreira, foram vistos por colegas seus do GUE e muito mais gente a, pura e simplesmente, NÃO VOTAR.
Alguma dessa gente não queria acreditar!!!Porque NÃO VOTAR significa objectivamente APOIAR BERLUSCONI.
É imperativo perguntar a Ilda Figueiredo e a João Ferreira porque apoiaram Berlusconi.
Ou será que vamos ainda ver os dois deputados comunistas portugueses a pedir para corrijir o seu voto, alegando que, por coincidência, as suas máquinas não funcionaram?....

terça-feira, 20 de outubro de 2009

cidadania confessional

«Euro-deputado exorta Saramago a renunciar à cidadania».
Mesmo que as declarações de Saramago sobre a Bíblia constituíssem uma blasfémia -- o que só espíritos sectários podem pretender --, ainda assim, o que é que isso tem a ver com a cidadania portuguesa? Existirá porventura uma regra secreta segunda a qual a crítica da Bíblia é incompatível com a nacionalidaqde portuguesa?
Nem Salazar ousou tal...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Nobel Obama

Recebi a noticia da atribuição do Prémio Nobel da Paz ao Presidente Obama com "mixed feelings".
Não tenho nada contra o prémio ser dado a um Presidente americano. Nem, evidentemente, qualquer hostilidade para com este galardoado. Muito pelo contrário - admiro-o e devo-lhe até o respirar mais aliviadamente, desde que nos livrou da calamidade Bush-Cheney.
Julgo, no entanto, que se desvirtua e banaliza este Prémio ao utilizá-lo como "incentivo" a um Presidente que só está no poder há nove meses e que, apesar do começo mais promissor de que há memória, ainda tem de dar provas de conseguir pôr em prática muito daquilo que promete.
O Comité Nobel justificou a sua decisão com a vontade de salientar "os extraordinários esforços [do Presidente Obama] para fortalecer a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos".
Mas esses "esforços", por muito "extraordinários" que tenham sido (e foram), não representam ainda qualquer avanço substancial para a causa da paz global.
Se Obama levar a NATO a abrir mão da sua doutrina de "first strike" (ataque inicial) nuclear (vd. artigo que publiquei no EXPRESSO sobre o discurso de Praga de Obama), diminuir o papel dessas armas na estratégia militar americana (no contexto da revisão em curso da "Nuclear Posture Review"), se contribuir efectivamente para uma Conferência de Revisão do Tratado de Não Proliferação de 2010 e levar a bom termo as negociações com a Rússia para a renovação dos acordos de redução de arsenais nucleares dos dois países, então aí teríamos material para Prémio Nobel.
Se Obama conseguisse levasse a paz ao Médio Oriente, como diz o Vital, então aí teríamos material para Prémio Nobel.
Se o Presidente americano conseguir convencer os iranianos a abrir mão do seu programa nuclear militar sem utilizar a força militar, então sim, venha o Prémio Nobel.
Agora assim... por ora...
Não se devia dar um prémio, especialmente este Prémio, a um Presidente, americano, ou de qualquer outro país, só para exprimir alívio por ver o predecessor pelas costas. Bush merece um prémio qualquer que distinga o pior consulado de que há memória. Mas Obama ainda tem muito que trabalhar para estar à altura do Prémio que aceitou receber.

Compromisso com Sintra



Apesar de vencida, considero que valeu a pena a minha candidatura pelo PS à presidência da Câmara de Sintra. Por Sintra e, sobretudo, pelos sintrenses.
Valeu a pena trazer à discussão pública o balanço negativo de uma governação sem rumo estratégico, reflectida na perda da qualidade de vida dos sintrenses e na actual irrelevância de Sintra no contexto político nacional.
Valeu a pena recusar um modelo de gestão autárquica assente no expediente de amalgamar projectos diferentes e de, a pretexto de abrangência política, procurar co-responsabilizar todos – ou seja, na prática, desresponsabilizar quem deve mandar.
Os sintrenses podem contar com a oposição leal, construtiva, exigente e atenta por parte dos eleitos do PS na Câmara e na Assembleia Municipal. Uma oposição que estará no terreno a ouvir, a fiscalizar, a pedir contas e a apresentar propostas alternativas.
Eu assumirei responsavelmente o cargo de vereadora sem funções executivas na Câmara. Empenhar-me-ei em dar voz aos sintrenses e em defender os seus interesses, correspondendo assim à confiança dos que em mim votaram.


Redigi o texto acima, anteontem, a pedido do Jornal de Sintra.

No site da minha campanha "PS - Por Sintra.Por Si" pode ler um texto de "Conclusões pós resultados" que escrevi no dia seguinte à derrota. Olhando para a frente.

sábado, 10 de outubro de 2009

Obama

Com a atribuição do prémio Nobel da Paz, Barack Obama tem a obrigação de conseguir a paz na Palestina, obrigando Israel a aceitar a criação de um Estado palestiniano nos territórios ocupados e obrigando os palestinianos a aceitar a existência e a segurança de Israel.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Por Sintra. Por Si. E também por mim - que eu já ganhei!

O prazer de ter aprendido.
A riqueza de saber hoje muito mais sobre a fantástica comunidade a que pertenço, sobre o extraordinário potencial do Concelho de Sintra em que vivo.
E a certeza de ter ainda muito mais para aprender, para apreender.
A importância de ter ouvido e, ainda mais, de ter registado.
O conforto do apoio empenhado, militante, do PS sintrense e também do PS nacional, personificado pelo Secretário Geral José Sócrates ontem, a meu lado, Avenida abaixo na cidade de Agualva/Cacém.
E o respaldo de Mário Soares e Ferro Rodriges ao meu lado também a descer, apropriadamente, a Avenida dos Bons Amigos; e os cuidados do António do sofá, da Lena, do David, da Joana e do Tiago de Bruxelas, do João que liga de Nova Iorque, da Maria José que emaila de Hong Kong e a Maria Manuel de Dili, passando pelo Zé e a Fernanda que até nem votam em Sintra mas seguem tudo ao milímetro e vão proveitosamente opinando.
O gozo de ter feito uma campanha alegre mas séria, sem brindes, nem penduricalhos, só muito trabalho de casa, por gente da casa, militantes incrivelmente dedicados: 165.000 euros do PS, contadinhos a cêntimo e sem mais um tostão de ninguém - os sintrenses podem ter a garantia de que não haverá favores ou donativos a retribuir a quem quer que seja.
Estou a chegar ao fim de um dia longo - começado com um levantar às 4.30 da manhã para poder estar na Terrugem na rendição do turno dos trabalhadores de recolha do lixo à porta da HPEM, passando à HPEM de Mem Martins, seguindo para a estação do Cacém nas horas de maior afluxo, percorrendo depois diversas povoações da minha freguesia de Colares - incluindo um saboroso almoço na "cantina" familiar da "Toca do Coelho" em Almoçageme; regresso ao bulicio das ruas centrais do Algueirão/Mem Martins, mais uma hora e meia a percorrer de novo o bairro da Samaritana em Belas, terminando já ao anoitecer com uma valente arruada do PS em Queluz.
Mas o cansaço físico não vence a satisfação que, do cérebro, me irradia todas as células do corpo.
A satisfação do dever cumprido.
A satisfação das novas e fundas amizades feitas na construção dura e dificil desta campanha.
A satisfação que ninguém me poderá tirar: é que eu gostei muito, mesmo muito, de fazer esta campanha!
O que quero e posso fazer para mudar para melhor Sintra e a vida dos sintrenses - está ainda no horizonte, nas mãos dos cidadãos que vão votar no domingo.
O divertimento que tirei desta campanha, esse, já cá canta!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

TAP

Parece que há um "relatório técnico" que recomenda a privatização da TAP, o que naturalmente não compromete o Governo.
Sempre considerei o transporte aéreo como uma das actividades que pode justificar uma empresa pública, dado o seu interesse estratégico, sob o ponto de vista económico e político. Porém, os últimos anos têm mostrado que a natureza pública da TAP tem sido aproveitada para a tornar refém da luta sindical para efeitos de instrumentalização politica, como se mostrou na recente greve dos pilotos em plena campanha eleitoral, mesmo à custa da ruína financeira da empresa. Por isso, a questão é a de saber se a TAP não tem mais hipóteses de sobrevivência sendo privatizada do que mantendo-se pública, dado o seu inquietante estado financeiro.
O que é de espantar é que os que mais têm contribuído para a difícil viabilidade económica da empresa venham agora manifestar-se contra a sua eventual privatização.

Alarme

«Bastonário [da Ordem dos Médico] diz que há "excesso de alarme" na resposta à gripe A».
Por uma vez concordo com ele. Mas a comunicação social, mesmo a que tem responsabilidades, não vive sem "sangue". A Ordem dos Médicos, aliás, também tem tirado partido disso, quando lhe convém...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

PSD

Julgo que o PSD precisa de libertar-se rapidamente da sua actual liderança de Ferreira Leite, tão desastrada ela foi, para reassumir uma postura de oposição responsável e credível e esquecer as posições levianas, oportunistas e irresponsáveis de Ferreira Leite, como a de "rasgar" o projecto do TGV, suspender a avaliação dos professores ou cortar dois pontos percentuais na contribuição social das empresas em geral.
De outro modo, é muito provável ver o PSD a juntar-se às oposições de esquerda, tanto ou mais irresponsáveis do que ele, para aprovar algumas daquelas propostas, para vergonha da liderança futura do partido...

Governo

Há quem defenda que Sócrates deve formar um governo com independentes à esquerda e à direita do PS, de modo a alargar a base de apoio político do Governo minoritário.
Discordo inteiramente. Pelo contrário. Exactamente por ser minoritário é que o Governo deve ser o mais coeso e homogéneo possível, sob o ponto de v ista político e partidário.Um governo maioritário pode dar-se a algumas liberdades de formação, como sucedeu em 2005; um governo minoritário, não, tanto mais que precisa de ser um governo resistente e combativo.
O alargamento do necessário apoio parlamentar, para efeito de aprovação das leis, deve ser conseguido, isso sim, por negociações políticas à esquerda ou  à direita, conforme os casos, e não pela dissolução política da composição do governo.

sábado, 3 de outubro de 2009

Quando as coisas correm pelo melhor

Dificilmente se poderia esperar melhor resultado no segundo referendo irlandês sobre o Tratado de Lisboa. Desfeitos os equívocos que justificaram a sua rejeição há um ano os irlandeses não quiseram deixar dúvidas sobre a sua adesão ao reforço da integração europeia.
Uma grande derrota para os adversários da integração europeia, à direita e à esquerda (em Portugal bem representados no PCP e no BE). Uma grande vitória para os que perseveraram no aprofundamento da UE. Tendo sido um dos maiores defensores públicos do Tratado entre nós, sinto-me especialmente gratificado.
Trata-se da segunda grande alegria política numa semana. Há tempos politicamente virtuosos, assim.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Submarinos...

"E depois de eu ter escrito aqui, no CAUSA NOSSA, que fonte ligada ao processo de aquisição revelara que depois da entrada em cena da ESCOM os custos para o erário público do programa de aquisição haviam disparado em mais de 35%, em comissões distribuidas à esquerda e à direita, alguém no Governo ou no PS agiu ou reagiu?".

Este é um extracto de post que escrevi aqui no CAUSA NOSSA, em 1 de Julho de 2008.

Contrapartidas...

"Quando o Estado português faz contratos com uma empresa de armamento para a aquisição de equipamento de defesa, é frequente a inclusão de disposições sobre contrapartidas. Estas últimas são obrigações das empresas em relação ao Estado, que incluem transferências de tecnologia para Portugal, a criação de empregos qualificados no nosso país, ou a promessa de investimentos avultados. As contrapartidas, se bem negociadas e aplicadas, poderiam representar mais-valias importantes para a economia portuguesa e para o avanço tecnológico a longo prazo – embora a própria NATO as desaconselhe, por ineficiência e por se prestarem a desviar recursos públicos em esquemas de corrupção.
Ora as percentagens de implementação dos programas de contrapartidas de alguns dos maiores contratos de aquisição de material de defesa feitos por Portugal – os dois submarinos (€1210 milhões), as viaturas blindadas Pandur (€516 milhões) e os helicópteros EH-101 (€403 milhões) – são de 25%, 12% e 24%, respectivamente... Todos estes programas são da responsabilidade política do governo Barroso/Portas. E o baixissimo grau de cumprimento sugere que as empresas em causa partem do princípio de que, em Portugal, o Estado tem uma atitude “flexível” em relação à defesa dos interesses nacionais – mesmo aqueles que estão claramente contratualizados...

Acima reproduzo um extracto de um artigo que publiquei no «Jornal de Leiria» em 30.7.2009 e que pode ler-se integralmente na ABA DA CAUSA.

Submarinando...

Os processos judiciais em torno da compra dos submarinos, que andam há anos a marinar, parece que ameaçam dar à costa - vamos, por ora, esperar que não encalhem, como encalha quase tudo aquilo em que a Justiça portuguesa embarca...
E, neste contexto, não se compreende como ainda não foram ouvidos, nem achados, Paulo Portas, o então Ministro da Defesa que superintendeu o negócio, e "sus muchachos" co-adjuvantes. Ah, e já agora, quem era suposto mandar em Paulo Portas à época: o PM Durão Barroso (os escribas sempre afoitos a protegê-lo preferem apontar o dedo a MFL - tadinha, era apenas a contabilista de serviço e, honra lhe seja feita, que bem se esforçou por limitar o desvario do negócio, que nós todos, lusos contribuintes, havemos de pagar com língua de palmo...)
É o próprio Paulo Portas quem, com inimitável lata, vem fazer a caramunha, queixando-se de que ninguém da Justiça o ouviu.
De falta de tempo, ou de aviso, para dispôr, a bom recato, das 60.000 originais ou fotocópias que, impunemente, levou do Ministério da Defesa, é que Paulo Portas se não pode queixar.

Penar por Padang

Da campanha eleitoral de Sintra, para todos os queridos amigos que fiz na Indonésia, onde quer que se encontrem (e muitos estão em Timor):
pesar sentido e acabrunhado por mais um terramoto devastador na fabulosa ilha de Sumatra!
Desta vez em Padang!
Padang, cidade que visitei várias vezes e de que guardo maravilhosas recordações. Maravilhadas pela paisagem e pela descoberta antropológica da civilização matriarcal que persiste bem viva entre o povo Minang-Kabau - e que tão marcante é naqueles seus representantes que polvilham as elites institucionais em Jacarta. Um povo que mantém claras influências culturais portuguesas, apreendidas desde o sec. XVI - do "tanjidor" que vi no Museu local, às magnificas pregadeiras "kurasom" que todas as mulheres herdam de familia e que reproduzem, enriquecidas por pedras preciosas, os nossos "corações" de filigrana minhota.
Dói pensar que muitos daqueles que tão calorosamente me acolheram em Padang, da Ibu Zia, dona do hotel familiar, ao jovem Pak Swandi, que me levou a conhecer a aldeia dos "portugis" nos arredores, podem estar debaixo dos escombros.
Martirizada Sumatra, já não bastava a cruel desvastação do tsunami de 2004 no Aceh e do terramoto de Nias em 2005!
Resta a consolação de que se há povo resiliente e capaz de se recompor e erguer contra a adversidade, esse é o povo indonésio.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Genebra (2)


Num momento livre em Genebra, passo pela estátua de Rousseau -- um dos meus "maîtres à penser" na juventude -- na ilhota que tem o seu nome.
Desapontamento! O monumento, que recordo fotograficamente, encontra-se atrás de um pavilhão em obras, escondido do público, com fios eléctricos presos no pescoço.
Um despautério. O grande pensador não merecia esta desconsideração da sua cidade natal.

Genebra (1)


Passa este ano o 500º aniversário do nascimento de Calvino. Genebra, sua cidade adoptiva, não podia ignorar o evento.
Sem desvalorizar o seu influente legado espiritual e religiso, não é personagem da minha devoção intelectual. O seu puritanismo radical e o seu fundamentalismo religioso levaram-no a institur em Genebra uma repressivo regime teocrático, que em nada ficou a dever à crueldade da Inquisição católica.
Nada pior do que as tiranias teocráticas.

Diário Pessoal (ocasional)

Se há algo de que me não posso queixar depois da eleição para o Parlamento Europeu é de vida sedentária. Eis uma amostra desta semana, "on the move".
Regressado no domingo passado de manhã de uma missão académica de vários dias no Brasil, corri a Coimbra para votar e trocar de mala de viagem e regressei a Lisboa para festejar a vitória eleitoral.
Às 8:00 de segunda-feira estava a apanhar o avião para Bruxelas. Longas reuniões da Comissão de Comércio Internacional, a que presido, nesse dia à tarde e no dia seguinte de manhã. Nem dá tempo para almoçar nem encntrar os demais deputados portugueses. Corrida para o aeroporto na tarde de terça-feira, com destino a Genebra.
Quarta-feira, bem cedo, chegada à sede da Organização Mundial do Comércio OMC), para participar no Fórum anual, em nome da delegação do Parlamento Euopeu, com uma comunicação sobre a "crise e o proteccionismo comercial". À tarde, participação noutras sessões do Fórum.
Quinta-feira, presido à reunião da comissão organizadora permanente (steering committee) da Conferência Parlamentar junto da OMC, uma iniciativa conjunta do Parlamento Europeu e da União Interparlamentar (UIP), visando conferir uma dimensão parlamentar àquela organização. Finalmente, algumas horas livres no final da tarde, nestes belos dias outonais de Genebra.
Amanhã, ao fim da manhã, regresso a Lisboa.
Na próxima segunda-feira, de manhã cedo, retomo o caminho de Bruxelas...

terça-feira, 29 de setembro de 2009

O mal e a caramunha

Decididamente, o desatino tomou conta o Palácio de Belém. A comunicação de Cavaco Silva há-de ficar nos anais do nonsense político entre nós.
Lembremos os factos. Em Agosto, o Público relata que uma fonte da Presidência da República informa que Belém suspeita de estar a ser "vigiada" pelo Governo. A história é logo transformada num caso de "escutas" a Belém. Cavaco Silva não desmente nem esclarece a acusação, dando a entender que concorda com a grave alegação.
O PSD e explora longamente essa estória contra o Governo e o PS, construindo a teoria da "asfixia democrática", com largo apoio da comunicação social. Cavaco Silva nem se demarca nem se distancia, deixando que a questão renda politicamente ao PSD.
Em Setembro o Diário de Notícias publica um email entre jornalistas do Público -- cuja genuinidade não foi posta em causa --, onde se relata que a fonte da tal noticia era um conhecido assessor de Belém, e que este terá dito que estava a actuar a pedido do Presidente. Nem o dito assessor nem Cavaco Silva desmentiram nem esclareceram os factos relatados no email, apesar do clamor geral nesse sentido.
É evidente que pelo seu silêncio ruidoso, Cavaco Silva deixou que uma história inventada em Belém fosse aproveitada politicamente pelo PSD. Vir agora acusar o PS de ter tentado "arrastá-lo para a luta política" é o cúmulo da hipocrisia e do farisaísmo.
Algo não está bem com o Presidente da República.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Antologia do anedotário político.

«Foi o PSD que retirou a maioria absoluta ao PS.»
(Filipe de Boton, empresário da área do PSD, ao Diário Económico)

Derrotados

PSD
É o grande derrotado, falhando rotundamente o seu desafio ao PS. Repetiu o humilhante resultado de há quatro anos, desta vez sedm Santana Lopes, mas com a mesma incapacidade.

Manuela Ferreira Leite
O rosto da derrota do PSD é a sua presidente, que não foi capaz de apresentar uma alternativa politica credível, limitando-se a competir com as demais oposições na exploração do voto de protesto e de ressentimento contra o PS.
Com ela são derrotados os seus estrategas, com Pacheco Pereira à cabeça.

Cavaco Silva
Não se dispensou de uma óbvia manifestação de favorecimento do PSD, deixando explorar contra o Governo a cabala da espionagem governamental sobre Belém. A derrota de Ferreira Leite também o salpica. Não havia necessidade de hipotecar desta maneira a autoridade política e moral do Presidente da República.

Comunicação social
Quase sem excepção alinhou numa atitude de desgaste e flagelação do Governo do PS, e em espacial de Sócrates, contra o qual moveu sistemáticas campanhas de assassínio de carácter, a par do branqueamento das evidentes fragilidades da líder do PSD. A derrota desta é também a derrota da TVI e da SIC, do Sol e do Semanário, do Correio da Manhã e do Público, e tutti quanti.

PCP
Quase não tirou nenhum benefício da diminuição eleitoral do PS, tendo ficado em último lugar nestas eleições, ultrapassado pelo CDS-PP e pelo Bloco de Esquerda. Perdeu o "campeonato dos pequenos" e perdeu o "campeonato da esquerda de protesto".

Decepção relativa

O BE foi uma decepção relativa. Subiu muito e foi o principal beneficiário da erosão eleitoral do PS à esquerda, mas falhou objectivos essenciais. Não atingiu os dois dígitos, ficou abaixo do CDS-PP e não faz maioria com o PS, o que lhe retira margem de negociação parlamentar.
E sobretudo não pôde festejar a derrota do PS, verdadeiro objectivo mal disfarçado de muitos bloquistas...

Vencedores

PS
Desde Junho, com a derrota nas eleições europeias, até há pouco tempo, ninguém ousaria dar por segura uma vitória eleitoral do PS, ainda por cima com uma margem tão expressiva como a que conseguiu. Um feito!

Sócrates
O triunfo do PS é sobretudo a vitória pessoal do seu secretário-geral, que resistiu estoicamente à fronda da oposição contra si, incluindo as tentativas de assassínio de carácter, uniu o partido, resgatou o notável desempenho do seu governo e não abandonou o seu projecto de modernização e de progresso do País.
A comunicação social e os partidos de oposição transformaram estas eleições num plebiscito pessoal de Sócrates. Ele venceu.

CDS/PP
Terceiro partido mais votado, ultrapassando o BE e o PCP, com uma notável subida em relação às eleições anteriores, foi capaz de tirar ao PSD o benefício da erosão do PS no eleitorado do centro-direita. Uma campanha inteligente e civilizada, contrastando com o desnorte e o radicalismo do PSD.

sábado, 26 de setembro de 2009

Brasil

Mais uma vista ao Brasil em tarefas académicas. Cada vez mais é evidente o progresso económico e social por que passa o Brasil, que nem a recessão global aprece afectar. Não fora o impoedimento constitucional, Lula da Silva teria a sua reeleição assegurada na Presidência da República.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Vacina

A campanha eleitoral do BE não passou de uma obsessiva cruzada contra o PS, que assumiu traços verdadeiramente inauditos na fase final.
Para os que, como eu, desde há muito denunciamos o fanatismo anti-PS da esquerda neocomunista, nenhuma surpresa. Mas para os que no PS admitiam um namoro politico com BE para efeitos de aliança de Governo, o radicalismo odiento do BE só pode ter funcionado como vacina.
Há males que vêm por bem.

Enquadrados....

"Quadratura do Círculo" na SIC-NOTICIAS esta noite:
- Enternecedor, António Costa. A defender a honra (perdida?) do PR Cavaco Silva.
- Iluminador, Pacheco Pereira. A assumir o erro de ter subestimado a capacidade manobradora do PS. E a assumir-se como o estratega do PSD-MFL.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Variações sobre o BE

1.
Numa crónica sobre as eleições portuguesas, o Financial Times de ontem dizia que, se o PSD saísse vencedor, «ficaria a devê-lo em grande parte à esquerda radical», ou seja, ao Bloco de Esquerda.
Elementar. Como é evidente, uma elevada votação no Bloco só pode favorecer a direita, à custa do PS.

2.
Tornou-se crescentemente mais evidente nos últimos dias que o principal alvo dos ataques bloquistas é o PS, esquecendo praticamente o PSD.
Confere. Ambos têm o mesmíssimo objectivo principal: derrotar o PS.
Cabe aos eleitores indecisos entre o PS e o BE dizerem se preferem uma vitória socialista ou o triunfo da direita...

3.
Ninguém duvida que, caso o PSD ganhasse as eleições (do que parece estamos livres), as celebrações seriam tão esfuziantes na sede do BE como na sede laranja.
Afinidades electivas…

Cenários eleitorais

Estou absolutamente convencido de que, se o PS vencer as eleições, como tudo indica, formará um governo monopartidário, sem coligações à direita nem à esquerda, mesmo que não obtenha maioria absoluta (como infelizmente parece provável). Aliás, é essa a solução que tenho defendido desde sempre, por não existirem condições para alianças de governo com um mínimo de consistência.
Porém, uma coisa é ganhar "à justa", com menos deputados do que os do PSD e CDS somados, outra coisa é ganhar com uma folga suficiente para superar a representação parlamentar combinada dos dois partidos da direita. No primeiro caso, o PS pode ser sempre derrotado no parlamento pela direita, salvo se conseguir o apoio do PCP ou do BE, o que não é fácil. No segundo caso, só será derrotado se houver uma convergência de voto entre a oposição de direita e de esquerda, o que, não estando excluído (como se mostrou nestes quatro anos), será contudo menos frequente.
Daí a importância da dimensão da vitória.

Evasão fiscal

Os números ontem divulgados sobre a distribuição estatística da imposição fiscal mostram a demagogia associada à ideia de aliviar a carga fiscal das PME, como defendem vários partidos. Na verdade, para além de o IRC ter hoje um escalão inicial de apenas 12,5%, ainda assim a grande maioria das empresas, em especial as PME, consegue não pagar nenhum imposto. No sector da hotelaria e da restauração apenas um em cada quatro estabelecimentos paga IRC.
Alguém pode acreditar que isto tem alguma correspondência com a realidade? È evidente a maciça evasão fiscal, que aliás deve estender-se ao IVA e ao próprio IRS dos empresários.
E ainda há quem demagogicamente proponha a extinção do "pagamento especial por conta" do IRC (em relação a todas as empresas, e não só as PME), que é o único meio de muitas empresas pagarem algum imposto. É patente a irresponsabilidade fiscal do PSD e da restante oposição.