Começo por confessar aos meus eventuais leitores (será assim que deverei chamá-los?) que a minha relação com a chamada blogosfera (será assim que se escreve?) é praticamente nula. Faço parte de uma geração que se viciou nos media tradicionais quando o teclado da máquina de escrever e o chumbo das tipografias eram as ferramentas básicas da comunicação... legível.
Sou um dinossauro do mundo jornalístico, continuo fiel às minhas rotinas arcaicas de consumir papel impresso, converti-me tarde ao computador (embora já não possa viver sem ele e não me passe minimamente pela cabeça regressar à Olivetti portátil com quem desenvolvi uma duradoura cumplicidade amorosa) e sou apenas um navegador muito esporádico na Internet.
Esta tentativa de “conversão bloguística” constitui, por tudo isso, uma tremenda violência para mim. Mas assumo que é uma violência necessária para aprender a comunicar num comprimento de onda que pode ser também uma nova forma de ensaiar a liberdade.
A quem porventura me ler só peço um mínimo de compaixão pelo esforço sincero de tentar vencer os meus bloqueios bloguísticos, nomeadamente o de criar uma indispensável familiaridade com um espaço onde dou os primeiros passos. Ignoro ainda quanto tempo levarei a criar hábitos regulares de convivência com o admirável mundo dos blogues. Mas, apesar das minhas resistências e do meu cepticismo, sei que este é hoje um território potencialmente mais livre, mais aberto, menos sujeito aos constrangimentos mercantis do que aquele em que fui criado. E sinto-me verdadeiramente feliz por partilhar esta experiência de liberdade com um grupo de amigos e cúmplices de causas generosas e controvérsias fecundas.
Vicente Jorge Silva