Na semana passada em Genebra, na cimeira sobre a Sociedade de Informação, discutiu-se o modo de combater a fractura digital e a governação da Internet. Blogs livres e à borla? Comunicação fácil? O que é bom para a AOL é sempre bom para a Internet? A Internet como Património Comum da Humanidade? Regulação, deve haver? Muita? Pouca? Sobre o quê? A cargo de quem deve estar a governação? Das Nações Unidas? De uma organização não lucrativa situada na Califórnia chamada ICANN, com quem é certo, por enquanto, não nos temos dado mal? Grande parte das respostas foi adiada para Tunis, em 2005. Eu também não as sei, mas cheira-me que é importante o que está a ser discutido.
Relembro, a propósito, o livro de Lawrence Lessig (The Future of Ideas - The Fate of the Commons in a Connected World. New York: Random House). 'A liberdade que é preciso defender é a liberdade de criação e de inovação que marcou os primeiros tempos da Internet. Foi esta liberdade que dinamizou a maior revolução tecnológica do mundo ocidental desde a Revolução Industrial, e que poderá estar perder-se'. Lessig enuncia as vantagens em manter como bens comuns (commons) algumas das camadas que constituem a Internet, para que esta se conserve como um sistema descentralizado, mais livre do que controlado.
Maria Manuel Leitão Marques