Depois de dois pesos pesados (pesadíssimos) dos «lobbies» económicos, Dias Loureiro e Angelo Correia, terem apadrinhado Santana Lopes nas suas diligências para a formação do Governo, a designação de Álvaro Barreto para o ministério da Economia confirma que a confederação informal dos interesses empresariais vai estar representada ao mais alto nível no próximo Executivo. Aliás, Barreto não será simplesmente ministro da Economia, mas ministro de Estado e dos Assuntos Económicos.
Álvaro Barreto é um velho senhor educadíssimo e simpatiquíssimo (digo-o sem qualquer sombra de ironia, ele é mesmo assim) que passou por inúmeros conselhos de administração e foi assessor de outros tantos. A sua carteira como agente de representações do poder económico é tão volumosa que chega a intimidar. Além disso, Barreto é uma bela figura, com um perfil de patrício romano, no esplendor dos seus quase setenta anos de idade.
Ministro da Economia, «tout court», era um papel escasso para tal personagem. A Economia foi assim promovida, assaz justamente, a Assuntos Económicos (pois é deles que se trata, não de mera e abstracta Economia). Só acho que ministro de Estado é um título que sabe a pouco, tendo em conta o volume e infinita diversidade dos ditos Assuntos de que Álvaro Barreto é familiar. Estadão seria mais adequado e soaria melhor. De facto, os Assuntos Económicos não são apenas matéria de Estado, mas de Estadão.
Vicente Jorge Silva