Portugal parece um país de humoristas. Um país de gente refém das gargalhadas e de um sentido não real da existência. Não é, de todo, algo de muito surpreendente. As pessoas tomam comprimidos para rir e para chorar, a vida é cada vez mais um exercício complexo, cada dia um exercício onde o curto prazo vence qualquer dimensão mais profunda.
Com o nascimento das Produções Fictícias, que começaram por aproveitar a oportunidade de Herman José, o universo do humor tornou-se mais interessante. Mas, ao mesmo tempo, inquietante. Há gente que, manifestamente, começou a sobrevalorizar-se doentiamente. Formataram-se na construção de piadas e, julgando poder deixar uma qualquer marca na história, estão condenados ao esquecimento.
Voltarei ao assunto. Mas não posso deixar em claro o texto publicado no excelente Inimigo Público por Rui Cardoso Martins. É que agora posso dizer que já fui motivo de cinco minutos da atenção daquele que é, na minha opinião claro, o mais talentoso e brilhante escritor de humor em Portugal. Aquele que é responsável, creio, pelo melhor programa dos últimos anos na RTP e por uma extraordinária crónica semanal no Público.
Por um lado, faz o seu caminho e continua a dar lições aos mais jovens. Mas, por outro, tenho um pouco a ideia que está a perder tempo numa estrutura que privilegia o anonimato e lhe trava as ambições. Mas isto sou eu a pensar. E pode ser que nada disto faça sentido para o Rui, que nem sequer conheço pessoalmente.
Luís Osório