«(...) Quero manifestar a minha concordância com o seu ponto de vista em relação à manifestação de militares, (...) assim como em relação à condenação daquela conferência de Imprensa de sindicalistas da PSP, que apareceram mascarados, lembrando as conferências de imprensa da ETA, do IRA ou de algum grupo terrorista árabe.
Estas são duas situações preocupantes, pois colocam em perigo a democracia, que tanto custou a implantar, uma vez que se trata de duas corporações que podem utilizar armas de fogo, nunca se sabendo quando é que elas poderão ser utilizadas contra os cidadãos e contra o Estado Democrático.
Sou um homem de esquerda. Sempre apoiei a Intersindical. Mas, neste momento, não estou de acordo com as suas posições de feroz resistência às iniciativas do Governo, que também não apoio incondicionalmente, de proceder urgentemente à reforma da administração pública e à retirada de escandalosos privilégios de que beneficiam os respectivos trabalhadores. Juízes, professores, polícias, militares e outros funcionários superiores da Administração Central, bem estribados nas suas carreiras, pelos privilégios acumulados ao longo dos coniventes governos de Cavaco Silva e António Gutterres, constituem verdadeiras castas profissionais, cuja força e influência são enormes, ao ponto de poder fazer soçobrar a coesão e a determinação do governo.
Se a manifestação dos militares se realizar, sem que haja consequências a nível disciplinar, e se o ministério da Administração Interna não identificar e castigar aqueles sindicalistas da PSP, que recorreram àquela encenação patética e ofensiva, o governo fica irremediavelmente desacreditado perante a opinião pública, primeiro passo para a sua paralisia.(...)»
Alexandre C.