Para sublinhar o excesso de "dependentes do Estado" em Portugal, o Jornal de Negócios de hoje contabiliza entre eles os pensionistas e os trabalhadores das empresas públicas, somando-os aos funcionários públicos e aos beneficiários do rendimento mínimo.
Ora, descontados os titulares de "pensões sociais" e os trabalhadores de empresas deficitárias, nenhum daqueles grupos depende do orçamento Estado, os primeiros porque pagos por um sistema contributivo para o qual descontaram, os segundos porque remunerados pelos bens ou serviços fornecidos pela respectiva empresa. Se tais instituições e empresas fossem privatizadas, o Estado não pouparia um cêntimo (antes perderia os dividendos das empresas lucrativas...).
De resto, mesmo quando se fala do pessoal do sector público administrativo, importaria lembrar que nos últimos cinco anos houve uma considerável redução do seu número (pela primeira vez em décadas) e que o peso das suas remunerações em relação ao PIB desceu de quase 15% para cerca de 12%, o que não é nada despiciendo.
A opinião é livre; os factos, não.
PS - Se se quiser fazer uma ideia mais completa sobre os "dependentes do orçamento do Estado", deveriam incluir-se neles os milhões que beneficiam dos mais variados subsídios públicos, incluindo os subsídios fiscais, que os críticos do "monstro da despesa pública" tendem convenientemente a ignorar (naturalmente por serem em geral beneficiários dos mesmos)...