Tendo-se hoje sabido que Passos Coelho recusou negociações prévias com o Governo para a viabilização do orçamento, aprofundando assim a incerteza sobre o destino do orçamento, o Ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, veio desfazer as dúvidas que pudessem existir sobre as consequências de uma eventual rejeição do orçamento. Crise orçamental igual a crise política, disse ele.
E disse o óbvio. Como escrevi na altura, o ultimato de Agosto do líder do PSD sobre o orçamento trazia no ventre o anúncio da abertura de uma crise política. Só a leviandade com que o PSD tem encarado a questão orçamental poderia alimentar ilusões a esse respeito. Na situação de pressão externa sobre a dívida pública portuguesa, agravada aliás pela incerteza alimentada pelo PSD sobre a aprovação do orçamento, a não aprovação de um orçamento que assegure a prevista redução do défice orçamental no próximo ano geraria uma crise orçamental de dimensões imprevisíveis, cuja insustentabilidade política o PS não pode deixar de denunciar perante o País.