Há já muita gente a trabalhar, de ambos os lados, por um entendimento de governo entre o PSD e o PS (ou vice-versa). Penso que, a mais de um mês das eleições, se está a pôr o carro à frente dos bois.
Quanto ao PSD, na falta de uma vitória por maioria absoluta (que neste momento parece uma miragem), convém-lhe obviamente manter o PS como alternativa (ou como "aditivo") ao CDS, com quem já tem um acordo pré-eleitoral, até porque pode não fazer maioria só com este. Mas, em qualquer caso, que razão há para que o PS dê de bandeja antecipadamente a sua disponibilidade para um tal casamento?
Quanto ao PS, que não se pode dar obviamente por vencido, tampouco deve assumir antecipadamente que a sua única hipótese de governo, caso ganhe as eleições, é uma coligação com o PSD. Tal como em anteriores eleições, o PS deve abster-se estritamente de especular sobre hipóteses pós-eleitorais de governo. Dada a situação do País e amarga experiência do actual governo minoritário, se ganhar deve procurar formar uma coligação maioritária sob sua égide, mas sem excluir à partida nenhuma possibilidade -- , nem mesmo um acordo político com o PCP e/ou o BE, pois embora estes não tenham nenhuma disponibilidade nem preparação para assumir responsabilidades de governo, não deve ser o PS a marginalizá-los antecipadamente, devendo deixar que sejam eles a auto-excluir-se.
Para o PS, assumir desde já a inevitabilidade de uma coligação com o PSD só contribui para facilitar a vitória eleitoral deste.