O ponto alto do primeiro dia de qualquer Congresso partidário subsequente à mudança de liderança é obviamente o discurso inaugural do novo líder.
A. J. Seguro deu boa conta do recado, com um discurso forte, embora demasiado longo e um tanto disperso. Ponto alto: o ataque à governação do PSD, sem esquecer a da Madeira, tendo mesmo recuperado a noção de "défice democrático". Ponto menos conseguido: a política económica numa quadro duradouro de austeridade orçamental e de fraca competitividade externa.
Disiludiram-se os que esperavam rupturas em relação ao discurso anterior do PS ou grandes "viragens à esquerda". A única inovação doutrinária relevante é a insistência numa acentuada dimensão "personalista" ("as pessoas primeiro" é o lema do Congresso), numa clara invocação de Guterres, conhecida referência do novo líder. Em certo sentido, Seguro encarna uma espécie de "neoguterrismo".
Pelo seu temperamento e estilo pessoal, o novo líder do PS não suscita arroubos nem emoções fortes, mas transmite segurança e firmeza. Bem precisa de ambas na condução do PS nas difíceis condições destes tempos.