A título de "aperitivo" dos trabalhos do Congresso, foram organizados vários painéis temáticos, entre os quais um sobre a Europa, com a intervenção de Mário Soares e António Vitorino e a presença de quase todos os eurodeputados do PS.
Registe-se antes de mais a própria iniciativa, que testemunha a importância que o PS atribui aos temas da UE e assinale-se o interesse suscitado, que convocou a assistência de muita gente.
Na minha intervenção tive ocasião de reiterar os pontos de vista que venho defendendo. Primeiro, a crise da zona Euro não é somente uma consequência da crise bancária oriunda dos Estados Unidos em 2008 e da crise económica que se lhe seguiu mas também das fragilidades da própria união monetária, que não foi acompanhada de mecanismos eficazes de disciplina orçamental, muito menos de instrumentos de supervisão financeira a nível da União e dos necessários instrumentos de harmonização da politicas orçamental, fiscal, económica e social. Segundo, a União tem respondido com alguma eficácia, embora com hesitações e atrasos, tanto à crise da dívida pública em alguns países (fundo de resgate, intervenção do BCE nos mercados, etc.) como aos défices de integração que a crise revelou (supervisão financeira, disciplina orçamental, etc). Terceiro, não há soluções salvíficas para a crise da dívida pública, como os "eurobonds", pelo que a única via são penosos programas de austeridade e de disciplina orçamental. Quarto, temos diante de nós três debates europeus fundamentais que exigem uma resposta nacional: até onde deve ir o aprofundanmento da integração europeia; que modelo de governação da própria UE (intergovernamentalismo versus "método comunitário"); perspectivas financeiras da UE (recursos próprios e reforço do orçamento).
O PS faz o seu trabalho de casa.