No ano passado o Ministro das Finanças levou meses para reconhecer o rotundo falhanço da meta orçamental das receitas públicas. Este ano levou somente dois meses para reconhecer o rotundo falhanço da previsão da recessão, que acaba de ser atualizada para - 2%, o dobro da que fundamentara as metas orçamentais deste ano. Mas a emenda não é melhor do que o soneto.
O problema é que com erros de previsão tão graves, em tão curto espaço de tempo, é a própria credibilidade e autoridade política do Ministro e do Governo que vai sofrendo uma fatal erosão. Numa situação de generalizada insegurança e de desesperança quanto ao futuro, como é que o Governo se permite erros de previsão tão grosseiros, que só o voluntarismo cosmético mais pesdestre pode justificar? E como é que pode querer que doravante as suas projecções gozem de um mínimo de credibilidade? Como é que se podem tomar decisões de investimento e de consumo, numa tal ambiente de desconfiança? Como é que um programa de austeridade orçamental, já de si tão penoso, pode ser bem sucedido no meio de tanta inprevisão?