O boicote arruaceiro de discursos ministeriais não é aceitável nem é tolerável numa democracia. O direito de manifestção tem regras e não pode sobrepor-se à liberdade de palavra. Ninguém é obrigado a ouvir um ministro; ninguém tem o direito de o impedir de falar.
Por mais malquistos que sejam, os ministros integram um órgão de soberania, legitimado pelo voto dos portugueses, não podendo estar sujeitos à "ação direta" de pequenos bandos mais ou menos anarquistas.
Isto devia ser uma "linha vermelha" para todos os partidos institucionalistas, no governo ou na oposição. Os que hoje manifestam uma indisfarçável "Schadenfreunde" (gáudio pelas desgraças alheias) podem amanhã encontrar-se na mesma situação e descobrir que o radicalismo politico não escolhe cores políticas.
Numa democracia o poder pode ser desprezado ou mesmo execrado, mas não pode ser achincalhado.