A ideia de que Portugal estaria no estado atual da Grécia, se entre nós a austeridade não tivesse sido travada pelo Tribunal Constitucional não resiste à mais elementar análise.
Por um lado, como se viu no post anterior, a situação dos dois países não é comparável nem quanto à situação de partida, na altura do resgate, nem quanto aos resultados do programa de ajustamento.
Segundo, não faz sentido dizer que as decisões do TC foram decisivas na limitação do programa de austeridade entre nós, sendo evidente que os cortes que o Tribunal rejeitou nos rendimentos dos funcionários públicos e dos pensionistas (e outros menores) foram compensados pelo Governo com medidas de igual valor ou superior, de tipo fiscal (o "enorme aumento de impostos") ou de corte noutras despesas públicas, incluindo as de investimento.
Aliás, o fim da recessão económica deu-se ainda em plena fase aguda da austeridade orçamental, no terceiro trimestre de 2013.