"Foi aqui dito pelo representante da Amnistia Internacional o que a UE precisa de fazer urgentemente para assumir obrigações legais e morais e travar a crise humanitária que está a transformar o nosso Mar Mediterrâneo num cemitério.
1o. - Abrir rotas seguras e legais para requerentes de asilo e migrantes económicos: é essencial, também, retirar o lucro às mafias traficantes de seres humanos.
2o. - Financiar e por em prática uma política comum de "resettlement" para refugiados e migrantes, reconhecendo até que vários países europeus, envelhecidos e em declínio demográfico - como Portugal - precisam deles. Tal como precisam dos seus próprios cidadãos, forçados também a emigrar, por políticas austeritárias desastrosas.
3o. - Atacar as redes traficantes, prendendo e levando a julgamento os seus agentes - se a UE tem uma missão de Política Comum de Segurança e Defesa no Índico contra a pirataria, como explicar que não tenha ainda accionado nenhuma no Mediterrâneo, coordenando marinhas, guardas costeiras, forças aéreas e outros meios para salvar vidas e combater as redes esclavagistas?
Na verdade, como poderemos vencer este desafio civilizacional, ou combater o terrorismo, ou ajudar a criar o Estado Palestino ou a resolver conflitos na Síria, no Iraque, na Somália, na Líbia e mais além, se não actuarmos na política externa europeia para que seja inteligente, coordenada, coerente e estratégica e não continue a negligenciar, ou a apoiar, regimes opressivos que forçam os seus cidadãos a fugir, como a Eritreia, Etiopia, os Sudões?
Precisamos de coordenação europeia e de coordenação com os nossos parceiros mediterrânicos para não continuarmos a agir de forma fragmentada e contraproducente, como foi frisado pela Sra. Farida Allaghi, com o exemplo do que fizemos, e do que não fizemos, na Líbia - onde descuramos a reforma do sector de segurança e o desarmamento das milícias, abrindo caminho a que fossem infiltradas por redes terroristas e criminosas.
Se não acorrermos hoje a ajudar a Libia, não haverá segurança na região para a Europa, nem para ninguém. Para isso precisamos de mais coordenação estratégica, de mais União Europeia, com mais solidariedade e sentido estratégico - que é o que não temos tido".
(Notas da minha intervenção, esta manhã, na Assembleia Parlamentar Euro-Mediterrânica a desenrolar-se na AR, em Lisboa)