Ao incitar diretamente à dissidência dentro do grupo parlamentar socialista na rejeição do governo da coligação de direita, Cavaco Silva não quebrou somente uma elementar regra de lealdade institucional, que é o respeito pela autonomia da AR e dos partidos e grupos parlamentares. Desafiou também expressamente o desrespeito da mais básica das regras de uma democracia parlamentar, que é a disciplina parlamentar em questões de governo.
Como sempre defendi, se um regime presidencialista pode conviver com a falta de disciplina parlamentar, um regime parlamentar não. Tanto mais que entre nós os eleitores votam nos partidos e não diretamente nos candidatos, que nem sequer figuram no boletim de voto.