A redução registada nas importações foi saudada por alguns observadores, com o argumento de que ela "compensou" a redução das exportações, permitindo evitar uma degradação da balança comercial.
Não compartilho dessa leitura virtuosa da situação. Primeiro, a redução das importações e das exportações contraria a tendência positiva para a abertura internacional da economia portuguesa que vinha dos anos anteriores. Em segundo lugar, e sobretudo, a redução das importações tem pouco a ver com a quebra do consumo interno mas sim exclusivamente com a quebra do investimento, que naturalmente faz diminuir a importação de matérias-primas, maquinaria e produtos semi-acabados.
Por conseguinte, a redução de importações não é virtuosa, sendo antes o sintoma mais visível da redução do investimento (interno e externo, público e privado) e do esfriamento da retoma económica.
Adenda (9/9)
Os dados do comércio externo de julho, entretanto conhecidos confirmam e agravam as tendências analisadas neste post, bem como as suas conclusões.