quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Distanciamento

Parecem-me excessivos os aplausos oriundos do PS ao (excessivo) apoio dado publicamente pelo PR ao Governo, nomeadamente na entrevista de há dias à televisão, em que MRS surgiu como espécie de "procurador oficioso" do Governo.
Um pouco de distanciamento político recíproco não faria mal a nenhum dos lados. Por um lado, no seu papel de arbitragem e de supervisão institucional, o PR deve ser discreto na sua avaliação pública da ação governativa, mesmo quando se trata de dizer bem dela, evitando tomar partido; por sua vez, o Governo, que não depende da confiança nem do apoio político do PR (mas somente da sua lealdade institucional), não deve tomar o apoio de Belém como um favor que tenha de agradecer e retribuir. Nem o PR pode considerar o executivo como "o seu Governo" nem este pode tomar aquele como o "seu Presidente". No nosso sistema constitucional, a função governativa não é uma "joint venture" entre Belém e São Bento.
Se os ventos mudarem e a situação política se complicar, a excessiva proximidade de hoje pode ser um problema amanhã.