1. A possibilidade de a inédita aliança governativa de esquerda perdurar até ao fim da legislatura em 2019 pressupõe pelo menos duas coisas:
- que o Governo vai poder continuar a encontrar margem financeira suficiente todos os anos para, simultaneamente, assegurar as metas de consolidação orçamental e pagar as novas reivindicações do BE e do PCP, de modo a "comprar" o seu apoio ao orçamento;
- que o Governo consegue controlar o "fogo amigo" dos seus próprios aliados no parlamento, que não hesitam em fazer maioria negativa com a direita parlamentar em questões politicamente sensíveis, como sucede agora com a baixa da TSU (e já tinha sucedido anteriormente no caso da administração da CGD).
Ora, parece evidente que nenhuma destas condições é fácil de satisfazer e que isso não depende somente do PS.
2. Embora me pareça prematura a ideia de pôr a flutuar a "ameaça" de uma moção de confiança ou de eleições antecipadas, seguramente há outros meios de fazer ver aos parceiros de aliança parlamentar que não podem "esticar demasiado a corda" e que devem assumir as suas responsabilidades no apoio ao Governo.
Os supostos aliados do Governo não podem escolher apoiá-lo só quando lhes convém e aliar-se à direita para o derrotar sempre que lhes aprouver. Isso não é aliança nenhuma! Ubi commoda ibi incommoda!