1. Tudo indica que o nosso Ministro das Finanças tem boas hipóteses de ser escolhido como presidente do Eurogrupo, visto o cargo "pertencer" ao grupo socialista na atual repartição de cargos ao nível da UE - quase todos nas mãos do PPE - e Centeno ter a seu favor um bom registo da consolidação orçamental em Portugal e de capacidade de articulação com os seus pares.
Além disso, o facto de Portugal ter superado com êxito um duro programa de assistência externa pode servir de exemplo de como o regresso à virtude orçamental compensa. Por último, tratar-se de um país do sul também ajuda ao equilíbrio político da União.
2. Sob o ponto de vista nacional, só há vantagens em deter essa posição. Primeiro, pela importância política do próprio cargo no seio da União, mesmo que o Eurogrupo não tenha formalmente poderes deliberativos; segundo, isso reforça o compromisso político de Portugal com o euro; terceiro, estando à frente do Eurogrupo, Portugal tem menos riscos de cair outra vez na tentação da indisciplina orçamental, devendo liderar pelo exemplo; finalmente, essa posição permite a Portugal ter uma voz mais ativa na necessária reforma e reforço da governação da zona euro, o que não é despiciendo.
Quem não pode ver isto com bons olhos, mesmo que disfarcem, são obviamente os parceiros da "Geringonça", para quem qualquer reforço do envolvimento e da responsabilidade do País em relação à "união económica e monetária" é trilhar o caminho da perdição. Uma vantagem adicional, do meu ponto de vista...