Não é preciso ter lido O Capital nem ser marxista para reconhecer duas coisas: (i) que Marx conferiu à luta dos trabalhadores e dos explorados em geral uma base doutrinária e um horizonte político sem precedentes e (ii) que foi o pensador que mais influenciou a história social e política da humanidade, mercê das doutrinas económicas, políticas, sociais e filosóficas que levam o seu nome, ou se inspiram na sua obra.
A história dos últimos 170 anos que decorreram desde o Manifesto Comunista (1848), que também passam esta ano, não teria sido seguramente a mesma, para o bem e para ao mal. Durante mais de um século, os debates e os conflitos políticos travaram-se em nome de, ou contra, o marxismo. E nem o facto de o desmoronamento do mundo soviético há três décadas ter assinalado a derrota do sistema económico e político construído supostamente em seu nome (a meias com Lénine) apaga esse impacto histórico.
E para comemorar os 200 anos do seu nascimento não precisamos de nos associar às celebrações oficiais ao PCP ou da República Popular da China, que reivindicam a sua herança, mesmo se mutilada. Há mais Marx, para além dos seus autoproclamados herdeiros político-ideológicos.