1. O antigo líder do PSD, Cavaco Silva (também antigo primeiro-ministro e Presidente da República) resolveu sair do seu silêncio para dar dois fortes conselhos ao atual líder, os quais, trocados por miúdos, podem ser lidos assim: (i) concentrar todo o fogo político na oposição ao PS, abandonando qualquer entendimento com o Governo; (ii) deixar de se preocupar com o Chega, de quem o PSD virá precisar para voltar ao poder.
É assim: depois de seis anos fora do poder e sem perspetivas imediatas de lá voltar, Cavaco Silva veio exprimir a impaciência que cresce nas profundezas do PSD aumentando a pressão sobre Rio.
2. Quando em desespero de causa, a direita recorre sempre ao velho golpe baixo de acusar a esquerda no poder de "amordaçamento da democracia", mesmo quando, como é o caso, as instituições democráticas estão bem e se recomendam, quando o Governo é minoritário e o Presidente é oriundo do PSD, quando os direitos de oposição são respeitados e quando figuras da direita dominam o comentariado nacional nos média.
A verdade é que, para a direita, um goveno de esquerda é sempre, por definição, incompativel com a democracia liberal, monopólio natural da direita.
Vinda de onde vem, porém, a denúncia da "democracia amordaçada", além de manifestamente despropositada, é simplesmente ilegítima.