quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Aplauso (21): Um compromisso oportuno

1. É de saudar este enfático compromissso de António Costa sobre a política orçamental. Parafraseando (em Inglês e tudo!) a célebre proclamação de Mario Draghi, como governador do BCE, sobre a estabilidade do euro, o Primeiro-Ministro, deixou claro que o Governo fará «tudo o necessário para assegurar finanças públicas sãs».

Este compromisso é especialmente relevante quando o Governo viu rejeitado o orçamento pela extrema-esquerda parlamentar (PCP e BE), por não terem conseguido valer alterações orçamentais (e outras) que implicavam um substancial aumento da despesa corrente permanente, nomeadamente em pensões. 

O compromisso de Costa quando à robustês das finanças públicas assinala também implicitamente o esgotamento da fórmula governativa da chamada "Geringonça", pois os referidos partidos jamais poderiam subscrever esse compromisso, que consideram uma imposição "neoliberal" de Bruxelas contra a "soberania orçamental" nacional.

2. Mas as "boas contas" não são o únic0 desafio de um Governo social-democrata a fim de garantir o avanço do Estado social (saúde, pensões e outras prestações sociais, educação, etc.).  

Tão importante quanto isso é o bom desempenho da economia, em termos de criação de emprego qualificado, de melhores salários, de competividade externa, de coesão económica interna, de convergência no seio da União Europeia. Por isso, seria bom que António Costa pudesse também assumir um compromisso de fazer tudo o necessário para assegurar uma economia saudável.

Adenda
Um leitor observa que a frase do líder do PS também é indiretamnte uma resposta à opinião de Pedro Nuno Santos, segundo a qual a "Geringonça" não é uma experiência  esgotada e que a Direita (incluindo certamente o que ele considera a direita do PS...) não deve dá-la como morta. Bem observado!