domingo, 11 de junho de 2023

Assim, não (4): A escola pública não pode ser isto

Se os grevistas que têm conduzido a luta sindical dos professores, sempre "em defesa da escola pública" (como reivindicam, mas que metodicamente afundam...), são os arruaceiros que ontem, na Régua, resolveram organizar uma manifestação para perturbar gravemente as comemorações do 10 de junho e insultar soezmente o primeiro-ministro, então dá vontade ser ser contra tal escola pública e de recusar que os nossos filhos e netos sejam "ensinados" por energúmenos daqueles.

Lamentavelmente, nem o Presidente da República - que tão assertivo se tem manifestado em defesa da dignidade das instituições -, nem os partidos da oposição - que deviam definir limites quanto à decência política das formas de protesto antigovernamenetal que apoiam - acharam por bem condenar a manifestação e o insulto, nem sequer demarcar-se dele. Decididamentre, o respeito pelas instituições está a deixar de ser um critério de julgamento do combate sindical e político em Portugal...

Adenda
Um dia depois, a Fenprof veio demarcar-se do insulto, mas não consta que, como organizadora da manifestação, tenha sequer tentado isolar e dissociar-se dos díscolos. Um "lavar de mãos" tardio e hipócrita, portanto.   

Adenda 2
A IL também se veio demarcar hoje à tarde. Quanto aos demais partidos, entre os quais o PSD e o BE, "moita, carrasco". Uma vergonha!

Adenda (3)
Um leitor pergunta «porque deveriam os partidos demarcar-se de cartazes exibidos durante uma manifestação que não era deles, nem tinha qualquer relação direta nem indireta com eles». A meu ver, deveriam fazê-lo por duas razões: a) porque os partidos não devem deixar de censurar a violação das regras mais elementares do combate político, sob pena de eles próprios virem a ser os próximos alvos e a luta política se tornar numa selva; b) por a ofensa ao PM ter ocorrido em clara perturbação de uma celebração nacional oficial presidida pelo PR, que se viu gravemente manchada pelos manifestantes. Penso que a degradação do espaço político não aproveita a ninguém, salvo ao populismo anti-institucional.

Adenda (4)
Sempre ao lado da luta dos professores contra o Governo, enquanto estes afundam metodicamente a escola pública, o Presidente da República veio tentar atenuar a gravidade do ocorrência, apesar de ela ter ferido a dignidade das comemorações do 10 de Junho, a que ele presidiu. Lastimável.