sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Brincar com o fogo


Como vem sendo hábito, o BE antecipa-se a trazer a público unilateralmente as alegadas conclusões de um grupo de trabalho conjunto com o PS sobre a suposta "insustentabilidade da dívida pública portuguesa". E o porta-voz bloquista deixa cair a ameaça de que «a renegociação da dívida é crítica para a sustentabilidade da solução política à esquerda».
Independentemente da falta de fundamento para a tese da insustentabilidade - que nenhuma instituição da UE ou internacional subscreve - e da importância decisiva que o BE atribui à "renegociação" (o que quer que isso queira dizer...), a verdade é que este tema não faz parte do acordo de governo e é perfeitamente aventureiro colocar essa questão na agenda política neste momento, quando os juros da dívida mantêm uma pressão para a subida (como mostra o gráfico junto, colhido daqui) e as agências de rating continuam a manter o país com uma notação negativa (que é essencial alterar). Nestas condições, toda a especulação sobre a "insustentabilidade" e "renegociação" da dívida só pode agravar o nervosismo dos mercados e confimar as reservas das agências de rating, jogando assim contra os interesses do País - e do Governo.
Que o BE agite o tema, isso faz parte da sua usual irresponsabilidade política; que o PS venha a compartilhar desse perigoso exercício, não seria propriamente prudente! Obviamente, o PS não pode mandar calar os seus aliados parlamentares neste assunto, mas pelo menos pode deixá-los a falar sozinhos.