Pela segunda vez, o sindicato dos juízes anuncia uma greve, com data e tudo. Pela segunda vez, o Governo, que tem estado a negociar com o sindicato o estatuto dos juízes (como se ele fosse minimamente representativo), e o Presidente da República, a quem compete assegurar o regular funcionamento das instituições, mantêm um comprometedor silêncio sobre o assunto, como se não rejeitassem a rotunda ilegitimidade de uma greve de juízes, ainda por cima deliberadamente marcada para prejudicar o apuramento das eleições locais em outubro próximo.
Aparentemente, nem o Governo nem o Presidente desejam perturbar o clima de "afeto presidencial" e de "governo amistoso" em que temos vivido. O problema é quando se torna necessária a firmeza do Estado para travar o abuso de poder das corporações dentro do Estado.
[Revisto, incluindo mudança do título]
Adenda
Registe-se e aplauda-se a posição frontal do líder da oposição. Há momentos em que se justifica assumir as responsabilidades de estadista. Nem tudo o que é contra o Governo pode merecer apoio da oposição.