1. Fadado por todos os deuses da fortuna política até agora, o Governo parece ter entrado numa maré de azar.
Como se não bastasse a tragédia do fogo assassino de Pedrógão e a "bronca" do furto de armas de Tancos, vem agora a demissão forçada de três secretários de Estado, constituídos arguidos no caso das viagens ao Euro de futebol no ano passado à conta da Galp (que era patrocinadora da seleção nacional), entre os quais o competentíssimo e influente SE dos Assuntos Fiscais, Rocha Andrade, que se revelou uma peça-chave na gestão financeira do Governo.
2. É uma perda realmente importante. Custa ver um jovem político deste gabarito, de uma probidade política à prova de bala, ser ingloriamente sacrificado por um momento de incúria inconsequente, obviamente não doloso, pelo qual aliás logo se penitenciou publicamente e de que não tirou nenhum proveito pessoal, assumindo prontamente o pagamento de referida viagem (e pelo qual muito provavelmente nem sequer virá a ser condenado).
Decididamente, hoje, com a opinião pública cada vez mais severa para com os políticos e com um Ministério Público com o freio nos dentes, os governantes não têm direito a distrações na aceitação de benesses privadas, por mais inocentes que pareçam (como era o caso).