Esta denúncia que faz manchete no Jornal de Notícias de ontem sobre os inaceitáveis números relativos a "baixas por doença" no SNS só surpreende os distraídos.
O que continua a surpreender, porém, é como é que uma classe profissional como os médicos aceita passivamente que uma minoria de entre eles viole os mais elementares deveres da ética e da responsabilidade profissional, passando atestados sem fundamento a colegas para justificar faltas por conveniência, à custa do SNS e dos seus utentes. E também continua a surpreender que a Ordem dos Médicos, que tantas vezes se erige em defensora do SNS, pactue pelo silêncio e pela inação com uma situação que configura maciças faltas disciplinares, que ficam sistematicamente impunes, e que põe gravemente em causa a reputação e o crédito público da classe, que a Ordem deveria zelosamente preservar.
É perante situações destas que se impõe perguntar, como o Ministro da Saúde fez há pouco tempo: afinal, para que serve a Ordem dos Médicos?!