1. Continuando a crescer significativamente o número de infetados (apesar de a taxa de contágio já ser inferior a 1), assim como o número de mortos (que continua superior ao número de recuperados), não será prematuro pôr termo ao confinamento social em princípio de maio, como anunciado, se a situação não melhorar significativamente? Não existe o risco de a situação descrita suscitar amplo receio de contágio por quem vai sair à rua?
Eu não queria estar na difícil posição de quem vai ter de assumir a responsabilidade por esta decisão!
Sei que o desconfinamento é reversível, caso se torne necessário voltar atrás, mas uma política de stop and go vai sujeitar as autoridades sanitárias a críticas nocivas para a confiança que elas devem inspirar e pode gerar demasiada insegurança e ansiedade nas pessoas.
2. Mas, se eu fosse responsável, seguramente não depositaria muitas esperanças na autocontrole individual, como parece ser o caso do Governo.
Infelizmente, a pandemia não mudou a natureza dos portugueses quando à tradicional falta de sentido de responsabilidade individual, quando estão em causa interesses coletivos. Quando vejo os colaboradores da Uber Eats agrupados descuidadamente em frente a restaurantes, sem máscara nem distância uns dos outros, à espera da comida para entregar aos seus clientes, temo bem que não vão faltar os free riders...
[revisto]