1. É absurda esta proposta de permitir o pagamento das viagens de táxi por "passes" de transporte coletivo urbano, como proposto pelo grupo de trabalho que analisa a reforma do setor dos táxis, que na verdade se traduz num exercício de lobbying bem sucedido pelo setor privado.
É bom de ver que toda a gente passaria a preferir o transporte individiual ao transporte coletivo, com perda das vantagens deste, em termos de economia de escala, de fluidez do tráfego urbano, de poupança de energia, de redução da emissão de CO2.
Além disso, mesmo que houvesse limitação quantitativa à opção pelo táxi, esta subvenção pública ao transporte individual privado, através de "passes" de transporte público subsidiados, levaria inexoravelmente ao aumento do custo dos passes, prejudicando quem mais precisa.
Quem quer transporte individual, deve pagá-lo, sem subsídios públicos (pelo contrário, pagando as respetivas "externalidades negativas").
2. Desde há muito que entendo que não há razão para a contingentação municipal dos táxis e para a fixação oficial das tarifas, defendendo uma relativa liberalização e sujeição da atividade à concorrência, através da diferenciação dos operadores (pela marca e pelo visual) e da oferta diversificada de níveis de serviço e de preços por cada operador (low cost, premium, etc.), incluindo a obrigação de divulgação pública do seus tarifários.
Para auxílio público já bastam as "praças de táxis" privativas, o acesso reservado aos terminais de transportes (aeroportos, estações ferroviárias, rodoviárias, etc.), a utilização das faixas bus e as várias vantagens fiscais na aquisição de veiculos, etc.
Já basta de captura do interesse público por interesses privados.