A candidata presidencial do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, também se considera "social-democrata", embora de uma estirpe diferente da social-democracia de Ana Gomes e de Marcelo Rebelo de Sousa.
Nada haveria a criticar nesta invenção de uma inopinada estirpe esquerdista de social-democracia, considerando que também já existe uma exótica estirpe de direita (PSD). O problema, porém, está em que a noção de social-democracia está proscrita na ideologia do Bloco (onde a troca do retrato de Rosa Luxemburgo pelo de Edouard Bernstein não é concebível), o qual, tal como o PCP, critica rotundamente as opções "social-democratas" do PS, em nome da "verdadeira esquerda".
Por isso, apesar de se tratar obviamente de uma simples declaração de conveniência política em tempo eleitoral, Marisa Matias arrisca-se a ser confrontada internamente com um pedido de retratação, por grave "desvio de direita".