1. A anunciada candidatura de Carlos Moedas à Câmara Municipal de Lisboa não é de saudar somente por trazer algum "picante político" à disputa pela presidência da edilidade da capital - que ameaçava ser um "passeio eleitoral" do atual presidente -, mas também porque mostra que um político e militante partidário responsável - e um dos mais promissores políticos da sua geração - se dispõe a abandonar o seu tranquilo e prestigiado retiro profissonal, para se candidatar numas eleições locais, depois de ter sido membro bem-sucedido do Governo nacional e da Comissão Europeia.
A militância partidária não supõe somente direitos mas também obrigações. Uma lição a alguns "barões" do seu partido, que preferiram pôr-se "ao fresco".
2. Não sendo provável a vitória eleitoral da coligação de direita em Lisboa, apesar da grande mais-valia do candidato, a coragem e a responsabilidade política que revela nesta candidatura podem torná-lo um próximo candidato incontornável à lideranca do PSD, se se vier a confirmar o provável falhanço de Rui Rio como candidato a primeiro-ministro. Eis uma alternativa ao "sebastianismo passista" que alguma inconsequente oposição interna impulsiona.
Sob pena de bloqueio, a democracia parlamentar só ganha com a existência de alternativas de governo e de líderes credíveis no campo da oposição.